sábado, 31 de julho de 2010

Ser um Só Coração uma Só Alma-Homenagem ao Irmão Roger - 16Agosto 2005

Amigos seguidores, desde a minha descoberta na Fé, quando entrei para o exercício da catequese, que sentia a minha espiritualidade estar a marinar...e/ou em banho de maria...
Depois de ir a TAIZÉ senti-me mais perto DELE. Estes meus últimos postes têm sido uma homenagem a este grande Irmão, fundador desta comunidade. Faz cinco anos que, por um acto tresloucado duma pessoa doente, este Irmão não resistiu e partiu para a Casa do Pai.
Como gostava de ser obreira duma Obra duma Comunidade... em que os valores maiores fossem "Um por todos e todos por Um " e o DEUS verdadeiro ...
Só DEUS sabe como isso me fazia feliz!

12 de Maio de 1915 – 16 de Agosto de 2005
Homenagem ao irmão Roger
O irmão Alois, sucessor do irmão Roger, escreveu este texto para a introdução do livro «Choisir d’aimer» (Escolher amar, Presses de Taizé, 2006), publicado pela Comunidade de Taizé para expressar reconhecimento pela vida entregue do seu fundador.
A partida do irmão Roger deixou um grande vazio. A sua morte trágica chocou-nos profundamente. Mas nós, irmãos, também vivemos o período que se seguiu com grande gratidão por tudo o que ele nos deixou. Estas linhas procuram expressar esse reconhecimento, que foi partilhado connosco por uma multidão incalculável de pessoas através do mundo inteiro. Isso apoiou-nos muito. Fomos como que transportados por Deus. E, nesta provação, a nossa pequena Comunidade fez essa experiência de unidade que viveram os primeiros cristãos: ser um só coração e uma só alma.
Para o irmão Roger, a procura da reconciliação entre os cristãos não era um tema de reflexão: era algo que tinha efectivamente de ser feito. Para ele, acima de tudo, o que era importante era viver o Evangelho e comunicá-lo aos outros. E o Evangelho só pode ser vivido juntamente com os outros. Não tem sentido nenhum tentar vivê-lo uns separados dos outros.
Ainda muito jovem, o irmão Roger teve a intuição de que uma vida em comunidade poderia ser um sinal de reconciliação, uma vida que se torna símbolo. Foi por isso que quis reunir homens que procurassem em primeiro lugar reconciliar-se. É essa a vocação primordial de Taizé: ser o que ele chamou «uma parábola de comunhão», um pequeno sinal visível de reconciliação. No entanto, a vida monástica tinha desaparecido das Igrejas da Reforma e ele vinha de uma família protestante. Então, sem renegar as suas origens, criou uma comunidade que fundou as suas raízes na Igreja indivisa, para além do protestantismo, e que pela sua própria existência se ligava de forma indissolúvel à tradição católica e ortodoxa.
Quando os fundamentos estavam assentes, no início dos anos setenta, havendo também irmãos católicos, o irmão Roger não cessou de continuar a criação da nossa Comunidade. Fez isso até ao seu último sopro. Ele dizia, a respeito do seu caminho pessoal: «Marcado pelo testemunho de vida da minha avó, ainda muito novo, seguindo-a encontrei a minha própria identidade de cristão, reconciliando em mim mesmo a fé das minhas origens com o mistério da fé católica, sem ruptura de comunhão com ninguém.»
A herança é enorme. E, sobretudo, é uma herança viva. O irmão Roger deixou-nos alguns escritos. Mas, a seus olhos, os seus próprios escritos precisavam constantemente de ser adaptados a novas situações. Mesmo a regra da Comunidade, que permanecerá o texto base da nossa vida comunitária, foi retrabalhado por ele várias vezes. É como se ele nos tivesse querido motivar a não ficarmos presos a textos ou a estruturas, mas sim a abandonar-nos sempre ao Sopro do Espírito Santo.
Pelo seu Espírito, Deus está presente para todo e cada ser humano. O irmão Roger tinha no seu coração todos os seres humanos, de todas as nações, particularmente os jovens e as crianças.
Ele era habitado por uma paixão pela comunhão. Repetia frequentemente estas palavras: «Cristo não veio à terra para criar uma nova religião, mas para oferecer a todo o ser humano uma comunhão em Deus.» Esta comunhão única que é a Igreja existe para todos, sem excepção.
Tornar esta comunhão acessível aos jovens, retirar os obstáculos do seu caminho, era uma das suas constantes preocupações. Ele sabia que um dos maiores obstáculos era a imagem de um Deus considerado juiz severo que provoca o medo. Houve uma intuição que se tornou nele cada vez mais clara e ele fazia todo o possível para a transmitir com a sua própria vida: Deus só pode amar. Ainda recentemente, o teólogo ortodoxo Olivier Clément recordava que esta insistência do irmão Roger sobre o amor de Deus marcou o fim de uma época onde, nas diferentes confissões cristãs, se receava um Deus que castiga.
Na sua juventude, o irmão Roger conheceu cristãos que pensavam que o Evangelho impunha severamente fardos aos crentes; por causa disso, houve um período em que a fé se tornou difícil para ele, em que lhe surgiram muitas dúvidas. Durante toda a sua vida, confiar em Deus foi um verdadeiro combate. Neste combate encontra-se uma das origens da sua abertura às gerações jovens e do seu desejo de as escutar. Ele próprio dizia que queria «compreender tudo no outro.»
Muitos jovens tinham a imagem dele como um homem que estava sempre disponível para os escutar, todas as noites depois da oração, se fosse preciso durante horas. E quando o cansaço se tornou demasiado grande para que ele conseguisse escutar cada um, mesmo assim ele permanecia na igreja e dava a todos os que se aproximavam dele uma simples bênção, pondo a sua mão na testa deles.
Até ao fim da sua vida, com uma força e uma coragem extraordinárias, ele motivou-nos a seguir o caminho de abertura aos outros. Nenhuma aflição, física ou moral, o assustava a ponto de ele lhe virar as costas. Ao contrário, ele acorria ao encontro dessa abertura. E, mais do que uma vez, acontecia que ele ficasse de tal forma absorvido por uma situação concreta de sofrimento que parecia esquecer outras coisas, que eram tão importantes quanto essa. Nesses momentos era um reflexo do pastor da parábola de Jesus, que esquece noventa e nove ovelhas para tomar conta daquela que se está a perder.
Quando falávamos com a Geneviève, uma irmã do irmão Roger que morreu dois anos depois dele, as semelhanças que eles tinham chamavam-nos a atenção: procuravam sempre evitar qualquer palavra mais dura ou um julgamento definitivo. Isso vem de longe na família deles, vem de uma mãe excepcional. Claro que um traço de carácter assim tem também o seu reverso. Mas o importante foi que o irmão Roger foi capaz de criar tendo esse dom! E nós, irmãos, constatámos que por vezes isso o levava ao limite daquilo que um ser humano pode suportar.Disse-se que ele tinha um coração universal. Com uma bondade que permanece surpreendente. A bondade de coração não é uma palavra vazia, mas uma força capaz de transformar o mundo, porque Deus age através dela. Face ao mal, a bondade de coração é uma realidade vulnerável, mas a vida oferecida do irmão Roger é o garante de que a paz de Deus terá a última palavra para cada pessoa na nossa terra.
Ele procurava constantemente concretizar a compaixão do coração, sobretudo com os pobres. Gostava de citar Santo Agostinho: «Ama e di-lo com a tua vida.» Isso levava-o a realizar gestos, por vezes surpreendentes. Vimo-lo regressar de uma viagem a Calcutá com um bebé ao colo, uma menina que a Madre Teresa lhe tinha confiado com a esperança de que ela pudesse sobreviver na Europa, o que de facto aconteceu. Vimo-lo acolher e instalar na aldeia de Taizé viúvas vietnamitas com vários filhos, que ele tinha encontrado ao visitar um campo de refugiados na Tailândia. Ser concreto: isso manifestava-se também na sua capacidade de dispor os lugares. Ele não gostava de construir edifícios. Quando era inevitável, procurava que fossem muito simples, baixos, se possível feitos com materiais recuperados. Mas gostava de transformar os locais. E, com muito pouco, procurava criar beleza.
A dada altura foi inevitável a construção duma igreja em Taizé, mas primeiro ele resistiu muito ao projecto; depois retomou e modificou constantemente a disposição. Vi exactamente o mesmo no bairro pobre de Mathare Valley, no Quénia, onde vivemos algumas semanas, antes dos irmãos se instalarem lá durante uns anos. Com quase nada, ele conseguiu colocar beleza numa pobre barraca, cercada por uma grande miséria. Como ele dizia, gostaríamos de tudo fazer para tornar a vida bela para aqueles que estão à nossa volta.
O irmão Roger referia-se frequentemente às bem-aventuranças e dizia por vezes de si próprio : «Eu sou um pobre.» Ele pedia-nos, aos irmãos, para não sermos mestres espirituais, mas antes de tudo homens de escuta. Falava do seu ministério de prior como o de um «pobre servo de comunhão na Comunidade.» Não escondia a sua vulnerabilidade.
Agora a nossa pequena Comunidade sente-se levada a continuar o caminho aberto por ele. É um caminho de confiança. A palavra «confiança» não era para ele uma palavra fácil. Contém um apelo: acolher em grande simplicidade o amor que Deus tem por cada pessoa, viver esse amor e assumir os riscos que isso implica.
Perder essa intuição levaria a impor fardos àqueles que vêm à procura de água viva. A fé nesse amor é uma realidade muito simples, tão simples que todos a poderiam acolher. E essa fé transporta montanhas. Então, apesar do mundo ser frequentemente despedaçado por violências e conflitos, podemos manter sobre ele um olhar de esperança.
irmão Alois
SAGRADA FAMÍLIA
Jesus, Maria, José
«Feliz a Família que Ama o Senhor»
«Fiquem atentos, e rezem todo o tempo»
«O Meu alimento, é a Vontade de Deus Pai»
«Saboreai e vede como o Senhor é bom»

domingo, 25 de julho de 2010

TUDO ou NADA...

Perguntam-nos muitas vezes: porque é que vêm tantos jovens de todos os continentes a Taizé? Sobre isto nós sabemos muito pouco. Deus dir-nos-á no dia do encontro na vida eterna...
O que há nos seus corações? O que é que os prende? E mais ainda: quais são os seus dons específicos? Como descobri-los?
Sabemos que não vêm aqui para fazer um turismo qualquer. Isso seria terem-se enganado na morada. A maior parte deles chegou com a mesma pergunta: como compreender Deus e como saber o que Ele quer de mim?
Se vieram é porque têm sede do Deus vivo, é para se interrogarem no silêncio interior para tentarem seguir Cristo.
Tu que aspiras a seguir o Ressuscitado, em que sinais reconheces tê-lo encontrado?...
Escolher Cristo supõe caminhar num só caminho, nunca em dois simultaneamente. Quem quisesse ao mesmo tempo seguir Cristo e seguir-se a si mesmo acabaria por seguir a sua própria sombra, em busca do prestígio humano ou da consideração social.
Chegará o dia em que tu dirás:
- Ao aspirar viver apenas o único bem essencial eu recordo-me de Ti, ó Ressuscitado. O meu coração, o meu espírito, o meu corpo, são como terras sedentas de Ti. Ao esquecer-Te continuarei a amar-Te. E Tu derramas em mim um amor que se chama perdão e fazes de mim um ser vivo...
Se queres seguir Cristo até ao fim, por muito que te custe, prepara-te para, numa vida pobre conheceres lutas: essas fidelidades de cada dia que, através de pequenos acontecimentos te ligam a uma realidade imensa. E crescerá em ti uma humanidade cheia de compreensão para com todos, um coração vasto como o mundo.
Tu que aspiras a seguir o Senhor não temas entrar numa Páscoa com Cristo. Quando tu O ouvires dizer-te:«Vem e segue-me», surpreender-te-ás a responder-Lhe:
- Reconheci-Te. Também queria ficar diante de Ti que escutas o balbuciar da minha oração simples...
Ficar suspenso na Sua confiança, é o amor no estado puro. Não um amor ilusório que se satisfaz com palavras, mas a confiança dum amor que tranquiliza o ser humano a todo o momento.
Um amor forte como a morte.
1974, Prodígio de Amor
Irmão Roger de Taizé
in O Seu Amor é Um Fogo
SAGRADA FAMÍLIA
Jesus, Maria, José
«Feliz a Família que Ama o Senhor»
«Fiquem atentos, e rezem todo o tempo»
«O Meu alimento, é a Vontade de Deus Pai»
«Saboreai e vede como o Senhor é bom»

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Uma Infância da Igreja

Foto retirada da Amiga Ailime
As crianças! Que felicidade e que mistério
tão grande nas nossas vidas!
Quem conseguirá dizer tudo o que elas podem
transmitir através de dons que não
conhecem e que nelas foram depositados
pelo Espírito Santo? Elas fazem-nos
compreender algo do Deus vivo através da
confiança de que são testemunhas, através
de uma palavra ou uma questão que nos
colocam, tão inesperadas que nos
despertam para uma vida em Deus.

Cristo diz-nos que as realidades do Reino de Deus só poderão ser compreendidas por quem acolhe com um coração de criança. Deus torna-se acessível aos corações que mergulham na sua confiança. Quando os adultos ou pessoas idosas têm uma alma de criança, conseguem aperceber-se duma infância da Igreja.
Uma infância da Igreja hoje não significa agarrarmo-nos a uma nostalgia da Igreja dos primeiros tempos mas antes fazer despertar, na Igreja contemporânea, o espírito de infância. Ele é antes de mais simplicidade. Ele é também confiança do coração deslumbramento. Através dele, dissipam-se as manipulações tendenciosas e os compromissos. Toda a relação administrativa se transforma em dinâmica de comunhão. O espírito de infância nem manipula nem distorce ninguém. E a Igreja mesmo sobrecarregada com provações não se deixa mais fechar na tristeza e na resignação.
Não a resignação, mas a confiança. Não a inércia, mas um desprendimento interior abandonar-se ao Cristo vivo, ao seu Espírito Santo.
A confiança do coração pode ser ferida pelas incompreensões. Mesmo assim ela continua a desenvolver-se através de incessantes renascimentos.
Apesar da infância não conter o monopólio da confiança, encontra-se nela uma parte de inocência que, quando é ferida, marca toda uma existência. Tudo ficou gravado como se se tratasse duma placa de cera ainda mole.
Para Deus o ser humano é sagrado, consagrado, pela inocência ferida da infância. Não é dela que a pessoa tira as energias para criar e para amar? Não se passará o mesmo em relação a este mistério de comunhão que é a Igreja?
Por vezes os adultos pensam tornar-se lúcidos ao julgar os acontecimentos com pessimismo. Esvaziam-se da capacidade de se deslumbrarem. Como é que podem então conciliar-se ainda com as realidades do Evangelho?
O espírito de infância é um olhar límpido. Longe de ser simplista, ele também é lúcido. Os diversos aspectos duma situação, os elementos positivos assim como o reverso da medalha, não lhe são estranhos. Não tem nada de infantilidade. Está pleno de maturidade. Supõe uma coragem infinita.
O espírito de infância não se deixa abalar pelas estruturas endurecidas da Igreja. Procura passar através delas como, no princípio da primavera, a água do ribeiro consegue abrir um caminho através da terra gelada.
1978, Florescem os Desertos do Coração
Irmão Roger de Taizé
in O Seu Amor é Um Fogo
SAGRADA FAMÍLIA
Jesus, Maria, José
«Feliz a Família que Ama o Senhor»
«Fiquem atentos, e rezem todo o tempo»
«O Meu alimento, é a Vontade de Deus Pai»
«Saboreai e vede como o Senhor é bom»

terça-feira, 20 de julho de 2010

O Fogo duma Paixão por Deus.


O Fogo duma Paixão por Deus
«O Teu Amor, ó Cristo, feriu a minha alma e eu
caminho cantando-Te»
Foi escrito no séc.VII por João Clímaco já na velhice,
ele que tinha entrado aos 15 anos
no mosteiro do Sinai.
Ele compreendera que a paixão de Cristo
se vivia na totalidade do ser - corpo e alma.
Numa civilização técnica é frequente a ruptura entre oração e trabalho. Quando a luta e a contemplação são postas em concorrência, como se fosse preciso escolher ou uma ou outra, essa oposição vai ao ponto de esquartejar o mais fundo do ser.
Uma vida de comunhão com Deus não se realiza em sonhos suspensos entre a terra e o céu. Longe de esquecer o outro, enraíza-se no concreto das situações. Assume as contradições da condição humana, assim como as das sociedades contemporâneas, com as suas prepotências: fascinação dos meios de poder, êxito a todo o custo, dúvida ambiente que é preciso ter em conta.
Por vezes, num desejo compreensível de ir ao encontro dum mundo secularizado, das comunidades locais, dos grupos, pensamos ter de secularizar as próprias celebrações. E assim já não se atingem as profundezas do ser humano. A oração comum não pode ser um monólogo onde, pensando falar com Deus, cada um deseja, na verdade, transmitir aos outros as suas próprias ideias. A oração é uma força serena que trabalha o ser humano, que o põe em movimento, que o lavra e não o deixa adormecer, nem fechar os olhos ao mal, às guerras, a tudo o que ameaça ou agride os fracos da terra.
Quem segue Cristo está ao mesmo tempo perto dos seres humanos e de Deus, e não procura separar oração e acção.
1978, Florescem os Desertos do Coração
Irmão Roger de Taizé
In O Seu Amor é Um Fogo
«SAGRADA FAMÍLIA»
Jesus, Maria e José
«Feliz a Família que Ama o Senhor»
«Fiquem atentos e rezem todo o tempo»
«O meu alimento é a vontade de Deus Pai»
«Saboreai e vede como o Senhor é bom»

domingo, 18 de julho de 2010

Reconciliação, Dentro de Si Mesmo...


Quem já passou por Taizé, só de rever esta foto, sente com comoção,
na hora aprazada, o toque inconfundível deste sino,
fazendo o que é o chamado (apelo) à Oração.
Sem humilhação para ninguém, sem ser símbolo de negação para ninguém, é possivel acolher dentro de si mesmo a Palavra de Deus, amada na profundidade das famílias eclesiais saídas da Reforma e os tesouros espirituais das Igrejas Ortodoxas com todos os carismas de comunhão da Igreja Católica, dispondo-se dia após dia a confiar no Mistério da Fé.
Ao longo de muitos séculos, desde o início da Igreja, desde Maria e os Apóstolos, a maternidade da Igreja era uma. Esta maternidade permanece uma. Ela não se apaga quando num dado momento a separação intervém.
- Os cristãos divididos mataram-se uns aos outros na Europa. Possam ao menos agora reconciliarem-se para impedir uma nova guerra.
A minha avó era oriunda de uma família Evangélica. Para poder realizar já em si mesma uma reconciliação, começou a frequentar uma Igreja Católica. Foi como se ela tivesse pressentido que, na Igreja Católica, a Eucaristia é uma fonte de unanimidade da Fé.
O milagre da sua vida foi que ao reconciliar em si mesma a corrente da Fé da sua origem com a Fé Católica, ela sentiu não ser sinal de renúncia para os seus.
A intuição da minha avó deu-me desde a infância uma alma Católica. Em Taizé, tenho a impressão de continuar o caminho aberto por esta mulher idosa.
Aquelas que são mães ou avós podem alegrar-se. A fidelidade à sua Fé deixa por vezes traços cujas consequências estas mulheres não terão a alegria de ver durante as suas vidas.
1980, Paixão de uma Espera
Irmão Roger de Taizé
in O Seu Amor é Um Fogo
SAGRADA FAMÍLIA
Jesus, Maria, José
«Feliz a Família que Ama o Senhor»
«Fiquem atentos, e rezem todo o tempo»
«O Meu alimento, é a Vontade de Deus Pai»

«Saboreai e vede como o Senhor é bom»

quinta-feira, 15 de julho de 2010

UM SIM que permanece SIM.

Para o Evangelho, o sim do casamento tal como o do celibato coloca-nos sobre uma aresta.
Ele diz respeito à pessoa global com o seu corpo e com todas as suas riquezas interiores, inteligência, sensibilidade, afectividade e imaginação.
Todo aquele que pronuncia este sim renuncia a olhar para trás e vai-o repetindo para Cristo ao longo da sua vida: «Eu confio em Ti, eu acredito na Tua palavra».
Esperar possuir uma lucidez total para dizer um sim que permaneça sim, não será expor-se a não ter nada mais do que restos para oferecer? Uma vez pronunciado, o sim é um eixo à volta do qual se elabora uma criatividade contínua, é uma coluna à volta da qual o ser humano rodopia na liberdade, é uma fonte perto da qual ele dança.
Virão talvez momentos em que a fidelidade já não se vive na espontaneidade do ser e o sim permanece sem amor. Assim, esse pedagogo que é a lei pode impor-se provisoriamente até que o amor jorre de novo.
1970, Luta e Contemplação
Irmão Roger de Taizé
in O Seu Amor é Um Fogo
SAGRADA FAMÍLIA
Jesus, Maria, José
«Feliz a Família que Ama o Senhor»
«Fiquem atentos, e rezem todo o tempo»
«O Meu alimento, é a Vontade de Deus Pai»
«Saboreai e vede como o Senhor é bom»

terça-feira, 13 de julho de 2010

Prodígio de Amor...

1976, Prodigio de Amor
Irmão Roger de Taizé
in O Seu Amor é Um Fogo
Há uma pergunta que aflora incessantemente o coração humano: se Deus existe como pode Ele permitir as guerras, a injustiça, a doença, a opressão?
Isso, parece-nos que só pode ser obra de um ser humano. Se Deus existisse Ele impediria o Homem de fazer o mal...
Quando visitei duas leprosarias em Calcutá com Madre Teresa vi um leproso levantar os braços com o que lhe restava das mãos e pôr-se a entoar as seguintes palavras: « Não foi Deus que me deu este castigo e eu canto porque a minha doença transformou-se numa visita de Deus».
No seu sofrimento tinha tido esta surpreendente intuição: o sofrimento não vem de Deus, e também não é consequência do pecado. Deus não é o autor do mal. E Ele não é manipulador nem um carrasco da consciência humana.
Ao escutar o canto do leproso, pareceu-me ouvir Job, esse velho crente anterior a Cristo, que sofreu tantas provações. Job sabia que a sua imensa dor não era castigo dum erro cometido.
O inocente, que se encontra desprovido das suas capacidades, pode ser uma vítima assim como o tirano que tem o coração de pedra. E, finalmente, um dia Job, tal como o leproso de Calcutá, é capaz de dizer: «Deus procura-me nas minhas provações. Agora sei que o meu Redentor está vivo e que o meu coração sem Deus definha».
Mas por que é que Deus não nos impede de fazermos o mal? É que Deus não fez do ser humano um autómato. Ele criou-nos à Sua imagem, isto é, livres.
Quando nós amamos um ser humano do fundo do coração, o nosso amor deseja deixar o ser amado livre para corresponder a esse amor, mas ao mesmo tempo também livre para o poder recusar.
Deus, que nos ama com um amor indescritível, dá-nos a liberdade para uma escolha radical: livres para amar mas também para recusar o amor e consequentemente rejeitar Deus; livres para espalhar pelo mundo um fermento de reconciliação ou para ser um fermento de injustiça ; livres para amar ou odiar; livres para irradiar a comunhão em Cristo mas também para arrancarmos esta comunhão e mesmo para destruir esta sede do Deus vivo noutras pessoas. Deus dá-nos total liberdade até ao ponto de nos podermos revoltar contra Ele.
Todavia, ao deixar-nos livres, Deus não assiste passivamente ao sofrimento do ser humano. Deus sofre com cada Homem. Deus visita o deserto dos nossos corações através de Cristo em agonia por cada um de nós.
Senhor do Céu e da terra,
em vós pomos toda a nossa confiança,
pois velais sobre nós com uma ternura
que nenhum discurso humano é capaz de descrever.
Olha com bondade todos aqueles que trabalham e rezam
pela unidade das comunidades cristãs ainda divididas.
Dá-lhes serem irmãos e irmãs em Teu Amor.
Possamos nós ser um, “um em Tua mão”.
Uma proposta de encontros e retiros para 2010
Bom Jesus Luminoso
06 a 08 de Agosto de 2010
12 de Outubro
09 a 12 de outubro de 2010
Advento
26 a 28 de Novembro de 2010
Natal
24 a 26 de Dezembro de 2010
SAGRADA FAMÍLIA
Jesus, Maria, José
«Feliz a Família que Ama o Senhor»
«Fiquem atentos, e rezem todo o tempo»
«O Meu alimento, é a Vontade de Deus Pai»
«Saboreai e vede como o Senhor é bom»

domingo, 11 de julho de 2010

n'Ele, curamo-nos uns aos outros...

Estar face a Cristo, com ou sem palavra, é saber onde repousar o coração, é responder-Lhe com a simplcidade de um pobre.
Aqui está a força secreta de uma existência. Aqui reside o risco do Evangelho.
«Às vezes já não sei se Te amo ou não, mas Tu ó Cristo,
Tu sabes que Te amo».
A felicidade interior é oferecida a quem corre o risco deste amor, sem medir as consequências. Quando procuramos uma felicidade para nos servir a nós próprios, à mais pequena adversidade essa felicidade foge. Quanto mais ardentemente a quisermos agarrar, mais ela se afasta para longe de nós.
Tu que buscas apaixonadamente o Seu amor eterno, tu quem quer que sejas, saberás onde repousar o teu coração? Através do teu sofrimento, Cristo abre a porta duma plenitude:
o louvor do Seu amor. Abandona-te, dá-te. Aí encontras a cura das tuas feridas e dos teus irmãos - n'Ele, curamo-nos uns aos outros.
1974, Viver o inesperado
Irmão Roger de Taizé
in O Seu Amor é Um Fogo
SAGRADA FAMÍLIA
Jesus, Maria, José
«Feliz a Família que Ama o Senhor»
«Fiquem atentos, e rezem todo o tempo»
«O Meu alimento, é a Vontade de Deus Pai»
«Saboreai e vede como o Senhor é bom»

quinta-feira, 8 de julho de 2010

O Seu Amor é um Fogo.



Quando a noite se adensa,
o Seu amor é um fogo.
Cabe-te a ti olhar
essa candeia acesa
na obscuridade,
até que
a aurora comece
a despontar e
o dia nasça
no teu coração


Irmão Roger de Taizé
O Seu Amor
É Um Fogo

SAGRADA FAMÍLIA
Jesus, Maria, José
«Feliz a Família que Ama o Senhor»
«Fiquem atentos, e rezem todo o tempo»
«O Meu alimento, é a Vontade de Deus Pai»
«Saboreai e vede como o Senhor é bom»




quarta-feira, 7 de julho de 2010

O AMOR que Perdoa.


«O que é o perdão?»
É a mais extraordinária, a mais inverosímil, a mais generosa das realidades do Reino de Deus.
Se amássemos Deus por medo de um castigo, isso já não seria amar. São João, o místico, escreve que o sinal absoluto de Deus é o amor. E o amor, como todo o amor, é antes de mais confiança e perdão.
Renuncia a olhar para trás. Não para esquecer o melhor ou pior, do teu passado. És tu que tens de celebrar as passagens de Deus na tua vida, de recordar as tuas libertações interiores.
Perdoar e perdoar de novo, é o que apaga o passado e te faz mergulhar no momento presente.
Amar é uma palavra maltratada! Amar diz-se depressa, num ápice. Mas viver o amor que perdoa... isso já é outra coisa.
Não perdoar por interesse, para que o outro mude. Isso seria um calculismo que nada tem a ver com a gratuídade do amor. Nós perdoamos por causa de Cristo.
Se rezares com Cristo a sua última oração: «Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem», espontaneamente surgirá em teu coração outra oração: «Pai, perdoa-me, porque muitas vezes eu também não sei o que faço».
Perdoar como Jesus fez ir ao ponto de não querer saber o que o outro fará do teu perdão é a força da Boa Nova.
Perdoar - aí está a força secreta para seres, também tu, testemunha dum novo futuro.

1977, Carta de Taizé
Irmão Roger de Taizé
in O Seu Amor é Um Fogo
SAGRADA FAMÍLIA
Jesus, Maria, José
«Feliz a Família que Ama o Senhor»
«Fiquem atentos, e rezem todo o tempo»
«O Meu alimento, é a Vontade de Deus Pai»
«Saboreai e vede como o Senhor é bom»

sábado, 3 de julho de 2010

Que a tua Páscoa Permaneça...

Estamos numa época estival e de férias...e lembrei-me de vos dar a conhecer esta Comunidade, em França, que poderão pesquisar na NET para poderem avaliar pormenores e quem sabe, indicarem-na aos vossos educandos ou até para vós próprios, para irem até lá.
Depois de ter estado uma semana neste local... fiquei com a certeza de que para se ser governante de qualquer local, país, ou até director ou quadro superior, deveria ser obrigatório passar uma estada em TAIZÉ.
E o que aqui deixo escrito, faço-o com toda a minha convicção, pois sei do que falo e de quão necessário é procurar compreender aquele que connosco convive e saber olhar os problemas, não através de um único olhar, mas sim e antes, mediante um multiolhar. As facetas desse multiolhar são como raios de sol, cuja luz foi decomposta num prisma multifacetado, com uma míríade de possíveis alternativas.


Vitrais executados pelos Irmãos de Taizé
Estava por aqui a rever o Livro do Irmão Roger de Taizé
Título: O Seu Amor É um Fogo
Na noite da Sua ressurreição, Jesus acompanhou dois
dos seus discípulos que iam para a aldeia de Emaús.
Nessa altura os discípulos não se aperceberam que era ELE.
Há períodos na nossa existência em que também não
conseguimos tomar consciência que ELE
caminha ao nosso lado.
Contudo, conhecido ou não, pressentido ou recusado,
ELE está lá, mesmo quando já nada se espera.
ELE reza dentro de nós no silêncio do coração,
uma oração implícita.
Noutras alturas, compreendemos que nos acompanha
e desejamos falar-LHE:
- Mostra-nos o caminho, Senhor.
ELE responde:
-Estou aqui.
Nós dizemos-LHE ainda:
-Ouve Senhor, ouve a minha oração de criança.
E a nossa oração permanece simples toda a vida,
como a oração da infância.
Implícita ou explícita,
a oração faz-nos repousar em paz
na profundidade de nós mesmos.
Saber onde podemos repousar o nosso coração
é compreender uma realidade escondida
aos nossos próprios olhos:
Cristo acompanha-nos com a Sua misteriosa presença.
A partir desse momento o
coração fatigado recomeça a viver.
Recomeça a cantar, por vezes mesmo sem voz.
- O Sopro do Teu amor visitou-me
e eu não fico a marcar passo.
Eu acompanho-Te.
SAGRADA FAMÍLIA
Jesus, Maria, José
«Feliz a Família que Ama o Senhor»
«Fiquem atentos, e rezem todo o tempo»
«O Meu alimento, é a Vontade de Deus Pai»
«Saboreai e vede como o Senhor é bom»