sábado, 31 de julho de 2010

Ser um Só Coração uma Só Alma-Homenagem ao Irmão Roger - 16Agosto 2005

Amigos seguidores, desde a minha descoberta na Fé, quando entrei para o exercício da catequese, que sentia a minha espiritualidade estar a marinar...e/ou em banho de maria...
Depois de ir a TAIZÉ senti-me mais perto DELE. Estes meus últimos postes têm sido uma homenagem a este grande Irmão, fundador desta comunidade. Faz cinco anos que, por um acto tresloucado duma pessoa doente, este Irmão não resistiu e partiu para a Casa do Pai.
Como gostava de ser obreira duma Obra duma Comunidade... em que os valores maiores fossem "Um por todos e todos por Um " e o DEUS verdadeiro ...
Só DEUS sabe como isso me fazia feliz!

12 de Maio de 1915 – 16 de Agosto de 2005
Homenagem ao irmão Roger
O irmão Alois, sucessor do irmão Roger, escreveu este texto para a introdução do livro «Choisir d’aimer» (Escolher amar, Presses de Taizé, 2006), publicado pela Comunidade de Taizé para expressar reconhecimento pela vida entregue do seu fundador.
A partida do irmão Roger deixou um grande vazio. A sua morte trágica chocou-nos profundamente. Mas nós, irmãos, também vivemos o período que se seguiu com grande gratidão por tudo o que ele nos deixou. Estas linhas procuram expressar esse reconhecimento, que foi partilhado connosco por uma multidão incalculável de pessoas através do mundo inteiro. Isso apoiou-nos muito. Fomos como que transportados por Deus. E, nesta provação, a nossa pequena Comunidade fez essa experiência de unidade que viveram os primeiros cristãos: ser um só coração e uma só alma.
Para o irmão Roger, a procura da reconciliação entre os cristãos não era um tema de reflexão: era algo que tinha efectivamente de ser feito. Para ele, acima de tudo, o que era importante era viver o Evangelho e comunicá-lo aos outros. E o Evangelho só pode ser vivido juntamente com os outros. Não tem sentido nenhum tentar vivê-lo uns separados dos outros.
Ainda muito jovem, o irmão Roger teve a intuição de que uma vida em comunidade poderia ser um sinal de reconciliação, uma vida que se torna símbolo. Foi por isso que quis reunir homens que procurassem em primeiro lugar reconciliar-se. É essa a vocação primordial de Taizé: ser o que ele chamou «uma parábola de comunhão», um pequeno sinal visível de reconciliação. No entanto, a vida monástica tinha desaparecido das Igrejas da Reforma e ele vinha de uma família protestante. Então, sem renegar as suas origens, criou uma comunidade que fundou as suas raízes na Igreja indivisa, para além do protestantismo, e que pela sua própria existência se ligava de forma indissolúvel à tradição católica e ortodoxa.
Quando os fundamentos estavam assentes, no início dos anos setenta, havendo também irmãos católicos, o irmão Roger não cessou de continuar a criação da nossa Comunidade. Fez isso até ao seu último sopro. Ele dizia, a respeito do seu caminho pessoal: «Marcado pelo testemunho de vida da minha avó, ainda muito novo, seguindo-a encontrei a minha própria identidade de cristão, reconciliando em mim mesmo a fé das minhas origens com o mistério da fé católica, sem ruptura de comunhão com ninguém.»
A herança é enorme. E, sobretudo, é uma herança viva. O irmão Roger deixou-nos alguns escritos. Mas, a seus olhos, os seus próprios escritos precisavam constantemente de ser adaptados a novas situações. Mesmo a regra da Comunidade, que permanecerá o texto base da nossa vida comunitária, foi retrabalhado por ele várias vezes. É como se ele nos tivesse querido motivar a não ficarmos presos a textos ou a estruturas, mas sim a abandonar-nos sempre ao Sopro do Espírito Santo.
Pelo seu Espírito, Deus está presente para todo e cada ser humano. O irmão Roger tinha no seu coração todos os seres humanos, de todas as nações, particularmente os jovens e as crianças.
Ele era habitado por uma paixão pela comunhão. Repetia frequentemente estas palavras: «Cristo não veio à terra para criar uma nova religião, mas para oferecer a todo o ser humano uma comunhão em Deus.» Esta comunhão única que é a Igreja existe para todos, sem excepção.
Tornar esta comunhão acessível aos jovens, retirar os obstáculos do seu caminho, era uma das suas constantes preocupações. Ele sabia que um dos maiores obstáculos era a imagem de um Deus considerado juiz severo que provoca o medo. Houve uma intuição que se tornou nele cada vez mais clara e ele fazia todo o possível para a transmitir com a sua própria vida: Deus só pode amar. Ainda recentemente, o teólogo ortodoxo Olivier Clément recordava que esta insistência do irmão Roger sobre o amor de Deus marcou o fim de uma época onde, nas diferentes confissões cristãs, se receava um Deus que castiga.
Na sua juventude, o irmão Roger conheceu cristãos que pensavam que o Evangelho impunha severamente fardos aos crentes; por causa disso, houve um período em que a fé se tornou difícil para ele, em que lhe surgiram muitas dúvidas. Durante toda a sua vida, confiar em Deus foi um verdadeiro combate. Neste combate encontra-se uma das origens da sua abertura às gerações jovens e do seu desejo de as escutar. Ele próprio dizia que queria «compreender tudo no outro.»
Muitos jovens tinham a imagem dele como um homem que estava sempre disponível para os escutar, todas as noites depois da oração, se fosse preciso durante horas. E quando o cansaço se tornou demasiado grande para que ele conseguisse escutar cada um, mesmo assim ele permanecia na igreja e dava a todos os que se aproximavam dele uma simples bênção, pondo a sua mão na testa deles.
Até ao fim da sua vida, com uma força e uma coragem extraordinárias, ele motivou-nos a seguir o caminho de abertura aos outros. Nenhuma aflição, física ou moral, o assustava a ponto de ele lhe virar as costas. Ao contrário, ele acorria ao encontro dessa abertura. E, mais do que uma vez, acontecia que ele ficasse de tal forma absorvido por uma situação concreta de sofrimento que parecia esquecer outras coisas, que eram tão importantes quanto essa. Nesses momentos era um reflexo do pastor da parábola de Jesus, que esquece noventa e nove ovelhas para tomar conta daquela que se está a perder.
Quando falávamos com a Geneviève, uma irmã do irmão Roger que morreu dois anos depois dele, as semelhanças que eles tinham chamavam-nos a atenção: procuravam sempre evitar qualquer palavra mais dura ou um julgamento definitivo. Isso vem de longe na família deles, vem de uma mãe excepcional. Claro que um traço de carácter assim tem também o seu reverso. Mas o importante foi que o irmão Roger foi capaz de criar tendo esse dom! E nós, irmãos, constatámos que por vezes isso o levava ao limite daquilo que um ser humano pode suportar.Disse-se que ele tinha um coração universal. Com uma bondade que permanece surpreendente. A bondade de coração não é uma palavra vazia, mas uma força capaz de transformar o mundo, porque Deus age através dela. Face ao mal, a bondade de coração é uma realidade vulnerável, mas a vida oferecida do irmão Roger é o garante de que a paz de Deus terá a última palavra para cada pessoa na nossa terra.
Ele procurava constantemente concretizar a compaixão do coração, sobretudo com os pobres. Gostava de citar Santo Agostinho: «Ama e di-lo com a tua vida.» Isso levava-o a realizar gestos, por vezes surpreendentes. Vimo-lo regressar de uma viagem a Calcutá com um bebé ao colo, uma menina que a Madre Teresa lhe tinha confiado com a esperança de que ela pudesse sobreviver na Europa, o que de facto aconteceu. Vimo-lo acolher e instalar na aldeia de Taizé viúvas vietnamitas com vários filhos, que ele tinha encontrado ao visitar um campo de refugiados na Tailândia. Ser concreto: isso manifestava-se também na sua capacidade de dispor os lugares. Ele não gostava de construir edifícios. Quando era inevitável, procurava que fossem muito simples, baixos, se possível feitos com materiais recuperados. Mas gostava de transformar os locais. E, com muito pouco, procurava criar beleza.
A dada altura foi inevitável a construção duma igreja em Taizé, mas primeiro ele resistiu muito ao projecto; depois retomou e modificou constantemente a disposição. Vi exactamente o mesmo no bairro pobre de Mathare Valley, no Quénia, onde vivemos algumas semanas, antes dos irmãos se instalarem lá durante uns anos. Com quase nada, ele conseguiu colocar beleza numa pobre barraca, cercada por uma grande miséria. Como ele dizia, gostaríamos de tudo fazer para tornar a vida bela para aqueles que estão à nossa volta.
O irmão Roger referia-se frequentemente às bem-aventuranças e dizia por vezes de si próprio : «Eu sou um pobre.» Ele pedia-nos, aos irmãos, para não sermos mestres espirituais, mas antes de tudo homens de escuta. Falava do seu ministério de prior como o de um «pobre servo de comunhão na Comunidade.» Não escondia a sua vulnerabilidade.
Agora a nossa pequena Comunidade sente-se levada a continuar o caminho aberto por ele. É um caminho de confiança. A palavra «confiança» não era para ele uma palavra fácil. Contém um apelo: acolher em grande simplicidade o amor que Deus tem por cada pessoa, viver esse amor e assumir os riscos que isso implica.
Perder essa intuição levaria a impor fardos àqueles que vêm à procura de água viva. A fé nesse amor é uma realidade muito simples, tão simples que todos a poderiam acolher. E essa fé transporta montanhas. Então, apesar do mundo ser frequentemente despedaçado por violências e conflitos, podemos manter sobre ele um olhar de esperança.
irmão Alois
SAGRADA FAMÍLIA
Jesus, Maria, José
«Feliz a Família que Ama o Senhor»
«Fiquem atentos, e rezem todo o tempo»
«O Meu alimento, é a Vontade de Deus Pai»
«Saboreai e vede como o Senhor é bom»

19 comentários:

  1. 1 olhar de esperança - tentarei lembrar disso.
    Obrigada.

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  2. desconhecia... foi bom saber estas coisas e ajustá-las à nossa vida...
    bom fim de semana, querida
    beijinhos a todos

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  3. O trabalho tem que ser feito alguém há de faze-lo com amor a Deus e a si próprio. Belíssima homenagem! Abraço

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  4. Quando algo é construído em favor da comunidade e o é feito com o coração com amor, é uma pura dádiva que nos é entregue não deve de ser quebrada mas sim continuada
    Bj

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  5. Passando rapidinho só pra avisar que estou de volta.

    Senti tantas saudades.

    beijooo.

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  6. Sermos um só em alma e coração..., eis o verdadeiro caminho a se abrir. É uma grande pena que muitos não possam entender, mas eu entendi e com a convicção que tenho no Pai, ajudarei para que muitos entendam. Lutarei até o meu último suspiro para que o propósito não seja confundido com utopia. Fantástico, Mer!!! A sua homenagem a essa grande alma, já é a prova de que muitos foram além, por essa razão, nós também poderemos.
    Obrigada!!!

    Beijos domingueiros!!!

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  7. Amiga e Doce Mer,boa noite!
    Passo para a cumprimentar e desejar-lhe uma noite descansada junto de seus familiares.
    Amanhã se Deus assim o permitir virei ler com atenção a sua reflexão.
    Um beijinho grande.
    Com amizade,
    Ailime
    (grata pelo seu comentário lá no meu cantinho)

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  8. È uma grande obra, esta
    Gosto de te ler.
    Estive em Taizé com o agrupamento de jovens
    Há uns anos e gostei muito.
    Gosto muito de te ler.
    Obrigada e beijinhos

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  9. O Amor deve ser uma constante. Só pelo amor nos abrimos a Deus e aos outros.

    Bjins

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  10. Estou tão feliz com a recepção da minha volta que quero dividir essa alegria com todos os meus amigos.

    Obrigado, obrigado.

    beijooo.

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  11. Para um ser de luz como o irmão Roger nem é necessário deseejar que esteja em paz, porque o seu caminho na Terra é de tal modo rico e bondoso que nos dá a plena certeza de que está com Deus.

    Um abraço fraterno para vós, querida Mer.

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  12. Olá Amiga e Doce Mer,
    É sempre importante dar a conhecer os Irmãos que trabalham por amor a Deus.
    Taizé uma grande comunidade que o Irmão Roger legou a todos quantos gostam de vivenciar o que Cristo também nos ensinou.
    Viver em comunidade, comungar dos mesmos ideais: simplicidade, bondade e comunhão. Uma comunidade onde todos se sentem úteis e tratados de igual forma.
    Um comunidade que um dia gostaria de visitar.
    Mer, muito obrigada por esta partilha.
    Deixo-lhe um beijinho desejando-lhe uma óptima semana junto da sua preciosa Família.
    Com amizade,
    Ailime
    (Grata pelo seu comentário no meu cantinho. A vida está cada vez mais difícil para todos e alguns jovens sentem a pressão principalmente nestes grandes centros e como conhecem outras realidades mais calmas gostariam de poder trocar esta vida agitada por esses locais mais tranquilos. Só que não será fácil, pois com Família constituída ia ser mais difícil (ou não) encontrar meios de subsistência que no caso deste meu sobrinho a profissão já lhe oferece com todas as limitações que me confidenciou.)

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  13. Estou a ver o Irmão Roger a abrir alas na capela com essa menina (hoje mulher)pela mão.Só mesmo uma alma que se faz pobre a ponto de se deixar amar por Deus de uma forma tão profunda...
    Confiança,simplicidade,escuta,pequenos gestos,hoje tornados Testemunho e projecto de Vida.Abraço solidário e em comunhão.

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  14. Olá minha doce Mer bom dia e um grande sorriso para ti:-)
    Hoje consolei-me com tantas leituras aqui no teu espaço em homenagem a este irmão que já partiu, mas que se mantem vivo nos corações daqueles que com ele partilharam a mesma Fé.
    Simplesmente belo tudo o que tens adicionado sobre ele.
    Tiveste "tempo" para o fazer e eu tive "tempo" para vir ler, não é uma maravilha estarmos cá para podermos desfrutar de todas estas recordações tão belas?:-)
    Tempo é coisa que não me falta amiguinha, e desejaria mais estar mais "tempo" no computador mas esta última correcção que me fizeram no pescoço impede-me de estar sentada na mesma posição, então aproveito o "tempo" para fazer outras coisas que gosto, especialmente caminhar, porque de pé ando bem felizmente, mas deitada e sentada é mais difícil.
    A cicatriz não está bem e quando fui à última consulta disse logo ao cirurgião que a mesma tinha ficado com uma coloide. Ele ficou triste como é óbvio, porque quando tirou os pontos tudo indicava que iria ficar bem. Pronto vou ter que levar umas "picadelas" em Setembro, quando ele regressar de férias, e se não resultar vão "mexer" novamente. Já estou tão habituada com estas coisas que eu própria o animei, já que podia ser meu filho, pois só tem 32 anos.
    Passei pelo blogue da nossa amiga Luna e vi umas imagens muito bonitas, esta também é a minha cruz, só peço a Cristo que não deixe de me acompanhar a carregá-la, já foi pesadita mas agora até está a ser leve, acredita!:-)
    Desejo-te um dia muito feliz minha doce amiguinha.
    Sempre que possa passo por aqui:-)porque como te disse tenho todo o tempo do Mundo.
    Um grande e terno beijinho,
    Ana Paula

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  15. Olá Mer: Lindo o teu texto O irmão Roger fez uma grande obra bem-haja e que Deus Dê coragem e forças aos seus seguidores para que eles continuem anunciar o Evangelho de Jesus Cristo Nosso Senhor.
    Um beijo
    Santa Cruz

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  16. Oi Mer
    Grande homenagem ao irmão Roger , um testemunho que ele deixou nos coraçoes de quem o conheceu e que voce agora nos apresenta.
    Esteve de férias também ? aquela paradinha foi excelente pra mim , deu uma aliviada na correria do dia pra postar , porque faço tudo mais a noite quando o sono permite rs
    obrigada Mer pelo excelente relato de um exemplo de Fé e amor ao próximo.
    beijinhos e abraços pra voce e familia

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  17. Oi,querida Mer! Que lindo trabalho esse! Estive fora, em férias e voltei cheiia de saudade!beijos,tudo de bom,chica

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  18. O amor continuará a fazer grandes obras.
    Deus é a semente que o Irmão Roger foi distribuindo por amor.
    Felizes os que a sabem acolher, viver e pôr em prática com mais amor.

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